As mulheres vítimas de violência que precisarem de orientação, apoio e até mesmo acolhimento podem contar com este serviço em Salvador. Os Centros de Referência de Atendimento à mulher do município, vinculados à Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), oferecem apoio psicossocial e jurídico e, em casos que a vítima não tenha para onde ir, após a denúncia, ela é acolhida no Centro de Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce (Camsid), que funciona 24h na Ribeira. O telefone é o (71) 3611-6581.
De segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, as mulheres podem recorrer ao Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência Loreta Valadares (CRAMLV), nos Barris, para agendar um atendimento presencial ou teleatendimento pelo telefone (71) 3235-4268 ou (71) 99701-4675. Outra opção é o Centro de Referência Especializado de Atendimento à Mulher Arlette Magalhães (Cream), em Fazenda Grande II, que pode ser acionado também de forma presencial ou através de ligação telefônica para os números (71) 3611-5305 e (71) 98791-7817.
A secretária da SPMJ, Fernanda Lordêlo, lembra que os Centros de Referência têm atendimento especializado com equipe psicossocial, composta por advogados, psicólogos e assistentes sociais. “Eles recebem esta mulher, analisam as necessidades e, a partir daí, a gente começa a acionar toda rede de enfrentamento, que envolve a Polícia Civil, Ministério Público, Tribunal de Justiça, Secretaria da Saúde, ou seja, todos que formam a rede para direcionar e dar suporte à mulher”.
A gestora afirma ainda que, muitas vezes, a acolhida pode precisar de benefícios sociais, por isso, a Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre) também pode ser acionada. “Caso essa mulher esteja trabalhando e precise de afastamento por medida protetiva, também temos a equipe jurídica que faz a orientação. Nosso acompanhamento é integral, buscando fazer de forma integrada para que ela seja atendida da melhor forma possível”.
Alcance – Em 2022, mais de 13 mil mulheres foram beneficiadas pelas estruturas da SPMJ, sendo quase 10 mil atendimentos realizados apenas nos Centros de Referência. Além disso, pouco mais de mil pessoas foram capacitadas sobre violência doméstica pelo órgão, e outras 2,7 mil mulheres foram encaminhadas para o Simm Mulher, auxiliando-as a conquistar uma vaga no mercado de trabalho.
De acordo com Adriana Castro, coordenadora dos Centros de Atendimento, cada especialidade cuida de um aspecto da violência. “O psicólogo trabalha a autoestima, para que ela consiga romper o ciclo de dependência emocional, consiga se enxergar como pessoa e, assim, tomar as providências necessárias para sair dessa situação. Muitas não rompem o ciclo também por não ter como se sustentar, então encaminhamos para o auxílio social ou para vagas de emprego. Usamos todos os meios para que ela entenda que ela pode ter uma vida”.
Adriana reforça que, com isso, elas conseguem tirar a mulher dessa dependência do companheiro. “A violência não afeta só a parte física, mas também a psicológica. Hoje, conseguimos fazer todos esses encaminhamentos sem tirar a mulher do Centro, já que temos toda uma estrutura para resolver essas questões”.
Ela conta o caso de uma assistida que, ao chegar no Camsid, informou que havia ido a todos os órgãos, mas não obteve ajuda. “Com o filho de um ano no colo, ela disse: ‘aqui é o último lugar que venho. Se não resolver, vou tirar a minha vida’. Olhei para ela, deixei desabafar e quando terminou, falei que estava ali para ajudar. Fizemos um atendimento humanizado e ela ficou feliz. Aos poucos, melhoramos a autoestima dela, conseguimos com que ingressasse em cursos e, hoje, ela mostra os produtos que confecciona, além de estar com todos os problemas controlados. Conseguimos puxá-la para a realidade, ela conseguiu romper o ciclo e a felicidade é aparente. Isso para mim não tem preço”, finaliza.