Conforme o historiador Cid Teixeira, a antiga "Estrada das Boiadas", via principal da Liberdade era passagem dos bois que vinham do sertão e eram comercializados na Feira do Capuame. Em 1823, por ali entrou o exército libertador e então, a Estrada das Boiadas passou a ser chamada Estrada da Liberdade.
Considerado como um dos bairro mais populosos da cidade de Salvador, e representativo da cultura negra, o fez ser considerado pelo Ministério da Cultura como o território nacional da cultura afro-brasileira.
O povoamento da Liberdade se deu logo depois da abolição da escravatura, com a ida de negros libertos e ex-escravos para o local.
A Liberdade não é só o maior bairro negro de Salvador e do Brasil. É especial. É único. É um paÃs, onde a negritude é a maior referência, a espontaneidade é uma lei, e a manifestação artÃstica é a principal linguagem de expressão.
RecentÃssimo. Eu que estou falando aqui, sou do tempo em
que a Liberdade eram quatro ou cinco roças, roças com bois e vacas e essas
coisas. Essa concentração de pobreza e negritude na liberdade é coisa de
quarenta ou cinqüenta anos para cá, não é muito antiga, não. Outros bairros se
embranqueceram, por exemplo, um bairro onde só tinha negro mesmo, que era o
Caxundé; hoje ninguém mais sabe nem onde é o Caxundé quanto mais falar em negro
lá dentro. Corresponde hoje ao Jardim de Alá, ali, na Pituba. O trator chegou,
urbanizou tudo, fez casinhas bonitinhas e acabou com a negritude de lá. A
Liberdade não tem essa história negra, não; eram roças. Seu Chico Mãozinha era
dono de tudo o que é hoje, Corta braço, Pero Vaz era a roça dele e eu conheci,
eu estive lá, na roça dele, eu que estou aqui; portanto, não é coisa do século
XVII, não. Eu vi, andei lá, como andei na Pituba com medo das vacas, com medo
dos bois correndo atrás da gente.
A arquitetura do bairro da Liberdade.
OS CASEBRES RURAIS
ConstruÃdas
até a década de 70, as casas rurais da Liberdade revelam marcas de um tempo que
parece ter estagnado. Um tempo da Estrada das Boiadas, via de entrada das
famÃlias em êxodo rural. FamÃlias que trouxeram um pouco do jeito interiorano
de morar. São as casas de taipa, construÃdas com barro e madeira. Com uma sala
pequena na frente, abrigam, no máximo, três quartos. Possuem telhado alto,
daquele tipo em que as paredes não vão até o teto. Podemos encontrá-las nos
pontos mais carentes e recônditos do bairro.