Fotos: Betto Jr. / Secom
A Prefeitura de Salvador entregou neste sábado (1º) a requalificação do Largo da Lapinha e do Pavilhão 2 de Julho, como parte das celebrações aos 200 anos da Independência do Brasil na Bahia. A inauguração, que contou com a presença do prefeito Bruno Reis e de autoridades municipais e estaduais, foi realizada na véspera do desfile cívico em celebração à Data Magna da Bahia, que ocorre neste domingo com saída justamente do Largo da Lapinha, a partir das 8h.
As duas obras foram realizadas em apenas três meses. O projeto arquitetônico foi elaborado pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF) e as intervenções ficaram a cargo da Superintendência de Obras Públicas (Sucop). O trabalho de restauração das carruagens e das imagens do Caboclo e da Cabocla, por sua vez, foi executado pelo artista plástico, restaurador e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) José Dirson Argolo.
Participaram da entrega a vice-prefeita, Ana Paula Matos, o secretário municipal de Cultura e Turismo (Secult), Pedro Tourinho, o presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro, o secretário estadual de Cultura, Bruno Monteiro, o presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), Joaci Góes, além de outras autoridades.
O prefeito Bruno Reis afirmou que as obras foram realizadas em tempo recorde e que o conjunto de entregas da Prefeitura valoriza a história de luta pela consolidação da Independência do Brasil, que aconteceu com o 2 de Julho. Ele lembrou a estreia do espetáculo Resistência Cabocla, na última sexta-feira (30), e convidou a população a acompanhar as próximas apresentações.
Embora o pavilhão não seja um bem tombado e nem esteja localizado em um sítio reconhecido como patrimônio, a estrutura possui valores históricos, arquitetônicos e artísticos que merecem ser preservados. Na fachada frontal do imóvel foram retiradas camadas de tinta que estavam descaracterizando as formas do relevo original. Foram realizadas a repintura e a instalação de iluminação cênica na fachada. A ideia foi dar ao pavilhão, que foi construído em 1918, uma arquitetura contemporânea que estabelecesse um diálogo harmonioso com a história de mais de um século atrás.
De acordo com o secretário de Cultura e Turismo, Pedro Tourinho, o memorial em homenagem ao 2 de Julho, que funcionará no Pavilhão, deve ser entregue ainda neste mês, após o retorno dos Caboclos à Lapinha. Ele contou que parte dos conteúdos que ficarão expostos para visitação será colhida no desfile no bicentenário. O memorial será aberto com a visitação de estudantes da rede municipal, após o retorno das aulas.
"O 2 de Julho comprova a capacidade do povo da Bahia de se emancipar, de ser livre, de não aceitar qualquer tipo de tirania. O memorial celebra a luta e a festa. São 200 anos de uma data que marca a fundação do povo baiano, um povo diverso, que luta e sabe celebrar", afirmou Tourinho.
Fernando Guerreiro frisou que, até o final do mês, a exposição estará montada, o que dará um novo olhar para aquela região da cidade. "São símbolos do país que precisam de um tratamento digno. Estas obras foram feitas em tempo recorde para conseguir entregar o largo e o Pavilhão requalificados. É com uma felicidade enorme que a gente inaugura essa obra. Até o final do mês, a exposição vai estar toda montada. Esta região vai ter outro olhar da cidade, dos turistas, que vão visitar o memorial", disse.
História - No ano seguinte à Independência do Brasil na Bahia, ocorrida em 2 de julho de 1823, os veteranos resolveram festejar a data. Inicialmente, utilizaram uma carruagem tomada dos lusitanos nos combates de Pirajá, colocando sobre ela um velho mestiço descendente de indígena, e saíram desfilando do Largo da Lapinha ao Terreiro de Jesus.
Em 1826, foi encomendado um carro alegórico definitivo, que ficou pronto em 1828. Em 1835, a Sociedade Dois de Julho mandou fazer uma edificação para resguardar os preciosos emblemas no Terreiro de Jesus. Em 1918, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, que assumiu a organização do cortejo, construiu o atual Pavilhão 2 de Julho.
O presidente do IGHB, Joaci Goes, ressaltou que o Pavilhão é um templo sagrado da história da liberdade e da Bahia. "Quero dizer em nome do IGHB que este contributo representa a colaboração mais importante para que os baianos compreendam mais profundamente o significado da data que celebramos amanhã. O 2 de julho foi a consolidação da independência do Brasil que ocorreu na Bahia", salientou.
Novo largo – Ponto de partida do desfile cívico do 2 de Julho, o novo Largo da Lapinha também foi inaugurado neste sábado após passar por requalificação. A obra, executada pela Secretaria de Manutenção (Seman), englobou substituição de piso, implantação de totens com informações e ilustrações sobre os principais personagens e eventos da Independência. Também foi feita recuperação do entorno da praça, incluindo a pintura da igreja e a requalificação dos passeios.
O secretário de Manutenção, Lázaro Jezler, contou que, em alguns trechos da obra, o trabalho precisou ser quase artesanal diante dos detalhes do projeto. "Na praça, implantamos toda uma pavimentação de granito, ou seja, não foi uma obra simples. Mas São Pedro nos ajudou e a gente conseguiu concluir. Tivemos que construir equipamentos que não existiam, fabricar peças que não estavam disponíveis no mercado. Então, foi um trabalho quase artesanal. Em alguns trechos, tivemos que contratar artesãos, inclusive de outras cidades", relatou.
Caboclos restaurados – As estátuas dos Caboclos, assim como as suas respectivas carruagens, passaram pela primeira desmontagem completa e por uma restauração profunda. O trabalho foi comandado pelo artista plástico José Dirson Argolo, professor da Escola de Belas-Artes da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
O Caboclo tem tamanho real de um humano, com cerca de 1,75 metro de altura, fora a haste de ferro maciço que sai do pé esquerdo e que faz o conjunto passar dos dois metros de altura. Ele teria sido criado em 1826 por Manoel Ignácio da Costa ou em 1828 por Bento Sabino dos Reis (fontes históricas divergem). Já a Cabocla foi esculpida em 1846 sob a autoria de Domingos Pereira Baião, possuindo tamanho menor em relação ao indígena.
A primeira grande restauração das duas esculturas, que são feitas de madeira do tipo cedro coberta por gesso esculpido, ocorreu em 1998, na ocasião dos 175 anos do 2 de Julho, também feita por José Dirson. A intervenção concluída agora envolveu retirada de mais de 50 camadas de tinta, aplicadas sem qualquer zelo ao longo do tempo, e que acabaram deformando as peças por completo, entre outros serviços.
FONTE: SECOM
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