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Festival Internacional do Audiovisual Negro propõe repensar produções cinematográficas




Com uma programação intensa, teve início nesta terça-feira (21) o Festival Internacional do Audiovisual Negro (Fianb), realizado pela primeira vez em Salvador. O evento integra a programação do Salvador Capital Afro e segue até sábado (25) com atividades em diversos pontos de cultura da capital. O Fianb tem patrocínio da Prefeitura por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult).

O festival, que é promovido pela Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (Apan), está na quarta edição e tem entrada gratuita. A abertura do festival ocorreu no Cinema Glauber Rocha, na Praça Castro Alves. A professora do departamento de Ciências Humanas da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), historiadora e curadora, Bel Melo, e o mestre em Geografia e doutor em Antropologia, Alex Ratts, foram responsáveis por iniciar os debates.

Na fala de abertura, o titular da Secult, Pedro Tourinho, explicou que parte do compromisso da Prefeitura de fomento ao audiovisual é reverter a lógica para que a população negra possa não apenas se ver nas histórias, como também se beneficiar economicamente delas.

“O audiovisual para Salvador é um desafio grande, mas acima de tudo uma oportunidade. Nosso plano é que, em três anos, o audiovisual seja um dos principais segmentos da economia da cidade. Estamos investindo para que seja um dos maiores junto com o setor do turismo e serviços. Esse vetor de crescimento só faz sentido se beneficiar a população negra, porque as narrativas são feitas a partir dela. Neste contexto, ter o festival é fundamental para que a gente consiga atingir o objetivo do desenvolvimento econômico da população negra através do audiovisual”, detalhou.

Repensar a produção – Na ocasião, os estudiosos explicaram sobre o trabalho da historiadora e militante Beatriz Nascimento, e como ele propõe repensar a produção audiovisual negra. Alex Ratts trouxe fatos que marcaram a carreira da historiadora e análise das suas teorias da obra Ôrí (1989), a partir de pesquisa e documentos de Beatriz que tratam da busca pela imagem negra nas narrativas.

Bel Melo aproveitou para lançar questionamentos para o setor do audiovisual de que se pense em caminhos para novas narrativas negras. “Existem caminhos que estão dentro dos nossos próprios corpos e que estão em uma categoria de um tempo altamente estendido. Existe alguma coisa na experiência transatlântica que nos faz conversar, observar e estabelecer relações e pontes. Pensar nessas questões joga a gente nessa dimensão do quilombo, em um lugar desejado e simbólico, mas também como um espaço de invenção, futuridades e construção de liberdades”, explanou.

A presidente da Apan, Tatiana Carvalho Costa, contou que o festival nasce da compreensão de que é urgente fortalecer as intervenções no imaginário coletivo colocando em diálogo a memória e presença junto com as pulsações afrodiaspóricas e africanas. “É um espaço de discussão e proposição que tem em comum em seus pilares reposicionar o cinema nacional a partir das perspectivas de cinemas negros realizados de norte a sul do país e na sua transatlanticidade. Afinal, cinema negro é cinema brasileiro”, finalizou.

Outras atividades – Um dos destaques da programação do evento é o Políticas do Olhar, espaço de diálogo que traz curadores internacionais e terá duas edições dentro do Fianb. O espaço receberá Salym Fayad na quinta (23), às 19h, no Glauber Rocha, para debater métodos e processos curatoriais. Já na sexta-feira, às 15h, também no cinema, o projeto traz June Givanni para conversar sobre curadoria e descolonização.

Ainda estão previstos a exibição de produções nacionais e internacionais, debates, seminários e workshops. A programação completa do evento pode ser conferida no site www.fianb.com.br/programacaosalvador2023.

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