REGULAR DE ENTREGAS 2025 – PI

Salvador 475 anos: Movimento Boca de Brasa celebra a potĂȘncia da periferia em Salvador




Como nas ediçÔes anteriores, um momento importante do evento serĂĄ a apresentação do trabalho das iniciativas culturais e criativas participantes das atividades formativas da Escolas Criativas Boca de Brasa realizadas nos Polos Cajazeiras, Centro, Cidade Baixa, SubĂșrbio e ValĂ©ria. Nesta 7ÂȘ edição, o evento contarĂĄ com diversas manifestaçÔes artĂ­sticas, apresentaçÔes de poesia e literatura, shows de Afrocidade, Quabales e FavelĂȘ com participação de Vandal, ÁttoxxĂĄ, MinistĂ©rio PĂșblico Sound System e outros.

De acordo com Mila Paes, o projeto pretende ampliar seu impacto na periferia para abordar questĂ”es relevantes e promover discussĂ”es construtivas. “Mais do que um importante elemento de transformação social, a cultura Ă© uma componente econĂŽmica que contribui para geração de emprego e renda. Ao oferecer uma maior qualificação artĂ­stica e tĂ©cnica, bem como o acesso aos meios de produção, o Boca de Brasa promove oportunidades de inserção dos jovens no mercado cultural. Ao ampliar os temas debatidos, seja nas açÔes formativas, seja no Festival, o Boca promove aos participantes uma visĂŁo mais ampliada sobre o fazer artĂ­stico, criativo e empreendedor ", explica a gestora.

A PotĂȘncia da Periferia – Conforme a pesquisa do Data Favela 2023, se as favelas brasileiras formassem um estado, seria o terceiro maior do Brasil em população. Segundo a pesquisa, o nĂșmero de favelas dobrou na Ășltima dĂ©cada, totalizando 13.151 no paĂ­s. A renda movimentada pela população dessas comunidades tambĂ©m aumentou, e quebrou a barreira dos R$200 bilhĂ”es, R$12 bilhĂ”es a mais em relação ao Ășltimo ano. Atualmente, sĂŁo estimados 5,8 milhĂ”es de domicĂ­lios em favelas com 17,9 milhĂ”es de moradores.

Diante disso, o Boca de Brasa vai muito alĂ©m de um simples projeto e o festival que vai apresentar as potĂȘncias das periferias, sendo um ponto de culminĂąncia das diversas açÔes que sĂŁo desenvolvidas nas comunidades. Nesse sentido, visa em trazer nĂŁo sĂł artistas, mas tambĂ©m empreendedores da periferia e personagens que vivenciam essa realidade, dando maior visibilidade e intensificando a interação com outras periferias da cidade e regiĂ”es de todo paĂ­s.


Ao longo dos anos, com as trilhas formativas, o projeto tem contribuĂ­do para que os jovens das periferias se tornem agentes ativos na construção de uma sociedade mais inclusiva, representando nĂŁo apenas a diversidade cultural, mas a Ă©tnico-racial, religiosa, geracional e de gĂȘnero. “As componentes socioemocionais das trilhas formativas abordam temas relacionados Ă  diversidade, alĂ©m de serem assuntos recorrentes nas apresentaçÔes artĂ­sticas realizadas nos espaços, o que contribui tambĂ©m para açÔes de mediação cultural e formação de plateia”, acrescenta a gerente de Equipamentos Culturais da FGM, Manuela Sena.

O presidente da FGM, Fernando Guerreiro, ressalta como esses espaços tĂȘm se tornado agentes de transformação social, fortalecendo relaçÔes identitĂĄrias ao promover a cultura. “Os espaços Boca de Brasa funcionam como epicentros e mecanismos das açÔes culturais desenvolvidas nos territĂłrios onde estĂŁo inseridos, contribuindo diretamente com desenvolvimento artĂ­stico-cultural, criativo, humano, social e econĂŽmico dessas regiĂ”es”.

“Os espaços fortalecem as relaçÔes identitĂĄrias. As transformaçÔes que ocorrem no entorno dos Espaços Boca de Brasa sĂŁo notĂĄveis, seja na quantidade de grupos e coletivos que despontam, seja pela maior participação de artistas e agentes culturais dessas regiĂ”es em editais e instĂąncias de participação social, como o Conselho Municipal de PolĂ­tica Cultural”, observa Chicco Assis.

A Prefeitura de Salvador, por meio da FGM e da Semdec, Ă© a organizadora do Movimento Boca de Brasa. Diversos ĂłrgĂŁos municipais, como a Secretaria Municipal de Ordem PĂșblica (Semop), Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), SuperintendĂȘncia de TrĂąnsito de Salvador (Transalvador) e Guarda Civil Municipal (GCM), alĂ©m de parceria com Cine Glauber Rocha, tambĂ©m contribuem para a realização do evento.

Todas as atividades do Movimento são gratuitas, sujeitas à lotação de cada espaço. Para participar das atividades formativas e painéis, basta se inscrever através dos formulårios disponibilizados no site https://fgm.salvador.ba.gov.br.

Escolas Criativas – Criado em 1986 pela Fundação GregĂłrio de Mattos (FGM), o Boca de Brasa nasceu como uma iniciativa itinerante, levando apresentaçÔes artĂ­sticas a bairros perifĂ©ricos. Coordenado por Bertrand Duarte e Walter Seixas Jr., o projeto foi suspenso em 2003, sendo relançado em 2013. Desde entĂŁo, transformou-se em Espaço Cultural, implantando cinco espaços em diferentes regiĂ”es da cidade.

Entre 2013 e 2017 foram realizadas 21 ediçÔes, contemplando 20 bairros com mais de 120 oficinas, que beneficiaram cerca de 2.300 agentes, envolvendo mais de 30 grupos nas culturais e 260 artistas nas apresentaçÔes realizadas para um pĂșblico de mais de 42 mil pessoas.

Em 2017, o Boca de Brasa passou por uma mudança, sendo transformado em Espaços Culturais. Em um primeiro momento, foi lançado o edital Espaços Culturais Boca de Brasa que contemplou trĂȘs espaços geridos por organizaçÔes da sociedade civil, para realização de açÔes formativas e de oportunidade pelo perĂ­odo de um ano, sendo eles: Pracatum (Candeal), Jaca – Juventude Ativista de Cajazeiras (Cajazeiras) e Programa Avançar (Bairro da Paz). O edital voltou a ser lançado em 2019, selecionando outros quatro espaços culturais da sociedade civil: Circo Picolino (Pituaçu), Associação Quabales (Nordeste de Amaralina), Casa do Sol (Cajazeiras) e Muncab (Centro).

A partir de 2018, a Prefeitura tambĂ©m iniciou a implantação de Espaços Culturais Boca de Brasa em diversas regiĂ”es da cidade: Espaço Boca de Brasa SubĂșrbio 360 (Vista Alegre, desde 2018), Espaço Boca de Brasa CEU de ValĂ©ria (Lagoa da PaixĂŁo, desde 2018), Espaço Boca de Brasa Centro (Barroquinha, desde 2019) e Espaço Boca de Brasa Cajazeiras (Cajazeiras X, desde 2020).

Em 2022, a FGM fechou parceria com o Sesi – Serviço Social da IndĂșstria, onde foi implantado o Boca de Brasa Cidade Baixa, em funcionamento Centro Cultural Sesi Casa Branca (Itapagipe). A partir deste ano a FGM firma parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Renda, dando origem aos Polos Criativos Boca de Brasa, que assumem um conceito mais amplo do que os limites do Espaço Boca de Brasa, como zonas territoriais que concentram atividades formativas, de produção, articulação, difusĂŁo, circulação e fruição cultural, reverberando para o seu entorno os resultados dessas atividades. Os Polos atuam a partir do tripĂ© Escola Criativa Boca de Brasa, Espaço Boca de Brasa e Festival Boca de Brasa.

Para 2024, estĂĄ prevista a implantação de cinco novos espaços Boca de Brasa, sendo dois jĂĄ em fase de implementação a partir de parcerias com o OrganizaçÔes da Sociedade Civil – Bloco Afro MalĂȘ DebalĂȘ (AbaetĂ©) e Centro ComunitĂĄrio MĂŁe Carmen / Terreiro do Gantois (Federação). Outros trĂȘs serĂŁo implantados ao longo do ano, em parceria com a Secretaria Municipal da Educação (Smed), em Brotas, Liberdade e SĂŁo Marcos.

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