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Seminário alerta para necessidade de conhecimento e prevenção para o enfrentamento do HTLV




Um seminário realizado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) nesta quinta-feira (26), na Escola de Saúde Pública de Salvador (ESPS), no Comércio, alertou para a necessidade do conhecimento e da prevenção para o enfrentamento do HTLV. Sob o tema "Saindo da invisibilidade: A prevenção do HTLV começa com a informação", o encontro, que alude ao mês de enfrentamento da infecção, reuniu representantes da Atenção Primária, Vigilância em saúde, Rede Especializada e da sociedade civil organizada.

Ativista da Associação HTLVida, Laurites Santos, de 49 anos, fala da importância de discutir o tema, que ainda é considerado um tabu na sociedade. "É preciso trabalhar tanto a informação como a prevenção, de forma apresentar situações assim para a população e para os profissionais de saúde, que muitas vezes desconhecem essa situação. Na ONG, única no Brasil com este propósito, trabalhamos a divulgação e busca por políticas públicas em busca dessa visibilidade. Vivo com o HTLV desde 2016 e, em 2019, comecei a desenvolver a doença, a partir da perda de movimentos associados a esse vírus", explica.

"Esse é um evento muito importante, pois marca o Setembro Vermelho e Branco, que é o Dia Municipal de Enfrentamento do HTLV (28 de setembro), que é uma doença invisível que, sabemos, há muitos casos na capital baiana e em todo o estado da Bahia", declara a enfermeira Andreia Siqueira, que trabalha com o monitoramento do HTLV na Vigilância Epidemiológica em Salvador.

Considerando que o HTLV ainda é uma infecção pouco conhecida na sociedade, inclusive por alguns profissionais de saúde, Andreia Siqueira explica a necessidade da disseminação de informações a respeito. A detecção do HTLV é feita por meio de uma sorologia específica, e em Salvador é realizada essa busca por meio de detecção de casos a partir da triagem sorológica das gestantes que fazem o tratamento pré-Natal no município.

Aliado a isso, é realizado trabalho com ciclos de palestras para disseminar as informações e estimular a testagem por meio da sorologia para o HTLV, pois é uma infecção cujos sintomas surgem, geralmente, a partir da quarta década de vida. “Entretanto, quanto mais cedo descobrir que convive com esse vírus, se torna mais fácil buscar e iniciar um tratamento de forma a obter uma melhor qualidade de vida", completa Andreia.

Rede especializada – Em Salvador, cidade pioneira nos cuidados com pessoas com o HTLV, há um multicentro de atendimento ao portador de HTLV, uma rede de apoio, e há todo um incentivo à disseminação de informações e busca pela detecção precoce dos casos , além da prevenção a respeito da propagação da doença, inclusive por meio da distribuição de fórmula infantil, buscando impedir a transmissão vertical da doença, fornecendo um ano desse leite, de forma a impedir a transmissão desse vírus para a criança.

"Hoje temos aqui um evento de grande importância para toda a rede de saúde, nessa conexão entre a rede privada e a rede especializada, como nosso ambulatório, que completou 2 anos em 2024, e realiza um atendimento multidisciplinar com médicos infectologistas, assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros, técnicos, dentre outros, buscando dar o melhor acolhimento e atendimento possíveis para estes pacientes portadores de HTLV, para que tenham uma boa qualidade de vida e um atendimento ainda melhor", lembra a assistente social Marlucci Figueiredo, que atua no Ambulatório de HTLV, Doença Falciforme e Hepatites Virais do Município, localizado no Multicentro Carlos Gomes, considerada uma das referências técnicas em HTLV em Salvador.

Além de dar visibilidade ao tema, o encontro buscou reunir a atenção primária, onde é dado o primeiro diagnóstico, através da sorologia, com a rede especializada, onde acontecem os atendimentos ambulatoriais adequados às necessidades dos pacientes.

Atendimento – Os atendimentos específicos para portadores do HTLV ocorrem no 3⁰ andar do Multicentro Carlos Gomes, toda quarta-feira à tarde, com infectologista – a cada dia são atendidos, em média, 22 pacientes. Além disso, os atendimentos por demanda espontânea, que ocorrem durante toda a semana – onde os pacientes são atendidos mediante apresentação da ficha de referência ou dos exames sorológicos, este número sobe para aproximadamente 50 pacientes semanais, fechando o mês com cerca de 200 atendimentos. Sendo que o ambulatório especializado conta atualmente com 370 pacientes de HTLV cadastrados no sistema, em dois anos de atendimento contínuo.

HTLV – O HTLV é o vírus linfotrópico da célula T humana e ainda com cura desconhecida, embora exista tratamento. Da mesma família do vírus HIV, ele possui as mesmas formas de contágio, a exemplo de relações sexuais sem proteção, uso de materiais perfurocortantes, além da transmissão materna – da gestante para o bebê. O retrovírus age nas células de defesa do organismo, quase sem provocar sintomas, fato que facilita o surgimento de doenças como a leucemia. Parte dos infectados apresenta dificuldade de urinar e problemas na pele.

Como ainda não existe vacina preventiva para o HTLV, as medidas de prevenção são as mesmas para evitar outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como uso de preservativo (interno e externo) nas relações sexuais, não compartilhamento materiais perfuro cortantes e testagem. Os preservativos estão disponíveis gratuitamente nos postos de saúde da rede básica da capital.

O HTLV foi descoberto nos anos 1980, sendo responsável pelo surgimento de enfermidades como linfoma, leucemia e doenças neurológicas, que causam limitações, pois acomete diretamente o sistema nervoso central.

Reportagem: Ana Virgínia Vilalva e Eduardo Santos/Secom PMS

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