Obra conta com um caderno de fotos com registros do próprio autor, que é fotojornalista, feito ao longo de 25 anos de viagem e pesquisa.
Com prefácio de Laurentino Gomes, Os retornados (Record, 443 pp, R$ 89), de Carlos Fonseca, é uma leitura indispensável para aqueles interessados na diáspora africana e nas complexas interseções entre identidade, história e esquecimento. A obra conta com um caderno de fotos com registros do próprio autor, que é fotojornalista, feito ao longo de 25 anos de viagem e pesquisa. Por meio de dezenas de entrevistas e de uma pesquisa que se desenvolveu ao longo de 25 anos, e que levou Carlos Fonseca, autor do livro, a passar vários meses na África, o livro navega nas águas passadas e presentes dessa epopeia afro-brasileira, contando a história de seus principais atores: ex-escravizados africanos e nascidos no Brasil que, ao longo do século XIX, cruzaram novamente o oceano, em um movimento de retorno à África. Ao embarcar de volta para a terra natal de seus antepassados, os retornados carregaram na bagagem parte da herança cultural adquirida no Brasil e marcada pela escravidão: o idioma (a expressão “tabom”, usada para denominar os retornados de Gana, vem do português “está bom”), a tradição culinária, os festejos populares (como o carnaval de Lagos e a dança da burrinha, acompanhados por velhas cantigas entoadas em português) e a arquitetura das casas que fizeram construir do outro lado do oceano. Hoje, os descendentes desses retornados estão espalhados por quatro países: Benim, Nigéria, Togo e Gana. São vários milhares de pessoas, chamadas agudás, tabons ou simplesmente “brasileiros”. Por meio de uma profunda contextualização histórica, Carlos explora a situação das comunidades que ainda mantêm um vínculo cultural e afetivo com o Brasil e a urgência em preservar essa identidade afro-brasileira que rapidamente se desvanece em outro continente.
