Coelho da Rocha apresenta onze contos sobre a formação de jovens da classe média carioca durante as duas últimas décadas do século XX.
Na história da literatura ocidental, o problema da formação individual adquiriu particular importância na Alemanha a partir da segunda metade do século XVIII. Autores diversos, como Goethe, Gottfried Keller e Adalbert Stifter, escreveram narrativas longas para representar a socialização e a vida interior de personagens em busca da própria identidade e vocação entre a infância e o limiar da idade adulta, dando origem ao subgênero do “romance de formação”.
Em Finissecularidade (Labrador, 368 pp, R$ 68,90), Coelho da Rocha conjuga essa temática tradicional e a forma da narrativa curta para apresentar onze contos sobre a formação de jovens da classe média carioca durante as duas últimas décadas do século XX. Na transição entre o mundo dicotômico da Guerra Fria e o momento de hegemonia econômica e cultural norte-americana, os protagonistas dessas histórias enfrentam provações de adolescência, descobrem a literatura, a política, as artes, vivenciam a amizade, o amor, o estranhamento e refletem sobre seus anseios de juventude, em meio ao esplendor e à miséria da realidade urbana do Rio de Janeiro.