Bom Dia,
Quero compartilhar com você uma pequena história que acredito ser motivadora para o seu dia.
Havia uma praça no bairro, um daqueles espaços que existem entre os prédios,
nem bem cuidado, nem totalmente abandonado. Era um lugar de passagem. As
pessoas faziam a sua parte: usavam os bancos, as crianças corriam na relva
irregular, o lixo era geralmente colocado no caixote. A engrenagem da
convivência funcionava no mínimo, mantendo uma harmonia funcional, mas sem
alma, coberta pela poeira da indiferença.
Nesse cenário vivia Isabel. Ela não era da
associação de moradores nem tinha qualquer cargo. Era apenas Isabel. E Isabel
acreditava em fazer um pouco a mais.
Tudo começou de forma simples. Ao passear com o
seu cão de manhã cedo, ela começou a levar um saco extra e a apanhar o lixo que
o vento espalhava. Não era uma obrigação, ninguém lhe pediu. Fazia-o porque a
visão de um chão limpo lhe trazia uma paz inexplicável. Depois, notou que um
dos baloiços para crianças rangia de forma irritante. Na semana seguinte,
apareceu com uma pequena lata de óleo e, em silêncio, resolveu o problema. O
som da praça mudou, substituindo o ruído metálico pelo som de risos infantis mais
fluidos.
A sua ação seguinte foi trazer de casa algumas
mudas de flores resistentes e plantá-las num canto esquecido, perto de um banco
lascado. Ela regava-as com uma garrafa de água que trazia consigo. Não esperava
aplausos; na verdade, encontrava uma alegria serena naquele ato secreto de
embelezamento. Era um diálogo silencioso entre ela e o mundo, um pequeno
presente que oferecia sem precisar de destinatário.
A transformação não foi imediata, mas foi
inevitável. Um vizinho, ao vê-la a cuidar das flores, sentiu-se inspirado a
lixar e envernizar o banco lascado ao lado delas. Outra moradora começou a
deixar uma tigela de água fresca para os animais nos dias quentes. Aos poucos,
sem nenhuma reunião ou pedido formal, a praça começou a pulsar com uma nova
vida. As pessoas já não passavam apenas por ali; elas permaneciam.
Isabel nunca reivindicou o crédito. Continuou
com os seus pequenos atos, o seu "algo a mais" silencioso. Ela via as
famílias a fazer piqueniques junto às "suas" flores, ouvia as
crianças a brincar no baloiço que já não rangia, e sentia o coração encher-se.
Ela não tinha apenas ajudado a consertar uma praça; tinha ajudado a construir
uma comunidade.
Ela era a personificação viva daquela
filosofia. Se cada um de nós fizer (no mínimo) a nossa parte nessa engrenagem
da vida e de nossas relações, a harmonia prevalece. Mas se você fizer um pouco
a mais, auxiliando, sugerindo, abraçando as causas, sem alarde, sem esperar
nenhum reconhecimento ou prémio, simplesmente por te dar prazer e alegria, você
muda o mundo. A sua alegria secreta e o seu esforço extra não apenas mantinham
a engrenagem a funcionar; eles oleavam-na com amor, fazendo-a girar com uma nova
e harmoniosa melodia.
Com essas palavras deixo a seguinte reflexão:
"O que é tão fascinante em você que ninguém
percebe?"
Ostinho
06/06/2025