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Painel avalia impactos do Afropunk Bahia e conexão da cultura preta global em Salvador



Natural de Nova Iorque, nos Estados Unidos, o diretor criativo global do Afropunk, Sango Amoda, esteve pela primeira vez no Afropunk Bahia, em Salvador, e ficou muito surpreso com o que viu. Para ele, a estrutura não deixou nada a desejar em relação aos eventos internacionais de grande porte e o evento baiano elevou o nível do festival.

“Eu acho que as pessoas negras se conectam no mundo todo. Chega a ser assustador o quanto a gente se parece e acho que o Afropunk é um espaço para fortalecer essa conexão entre pessoas negras de diferentes partes do mundo. Eu já tinha assistido o festival daqui pela internet, mas essa foi a primeira vez que eu vim e eu fiquei muito encantado com a participação do público”, destacou.

Ele lembrou que o Afropunk surgiu em 2005, no Brooklyn, distrito de Nova Iorque, em um contexto em que as pessoas negras se sentiam diferentes. Então a festa foi criada como um espaço seguro para uma cultura que as unissem e um local em que elas pudessem ser elas mesmas. O evento foi crescendo e hoje está presente em diversas partes do mundo.

As reflexões de Sango fizeram parte do Talk Processos Criativos Conectando a Cultura Preta Global: o case Afropunk, realizado na última sexta-feira (24), no Espaço Cultural da Barroquinha. O painel foi parte integrante do Salvador Capital Afro, evento que visa estimular o desenvolvimento da economia criativa, valorizar os talentos negros locais e potencializar o protagonismo da cidade no segmento do Afroturismo.

A mediadora do Talk foi Isabel Aquino, integrante do sistema de inteligência do Prodetur Salvador. Ela destacou a importância do evento para a mobilização da comunidade negra mundial e para a movimentação da economia da cidade, com foco no afroempreendedorismo.

“O Afropunk, festival que aconteceu este mês, trouxe gente de todos os estados do Brasil, de diversos países das Américas, da Europa, da Ásia. Então, a capacidade de mobilização da comunidade negra mundial que o Afropunk tem, esse poder de atração, é extremamente relevante. E quando a gente pensa que essas pessoas chegam aqui nessa cidade e consomem moda, cultura e enchem os hotéis – tivemos uma capacidade hoteleira de quase 100% -, isso é incrível. Já foi destacado aqui em painéis anteriores, inclusive, a grande procura por empreendimentos afrocentrados no período, a exemplo das trançadeiras, das lojas de moda afro. Sendo assim, o festival conseguiu mobilizar diversos setores”, ressaltou.

Empregabilidade – Durante o evento, o estrategista de conteúdo e um dos curadores do Afropunk, João Gabriel Mota, revelou, segundo pesquisa realizada em relação à edição do ano passado, que entre a equipe que trabalhou na organização do evento, 90% se autodeclararam preto ou pardo, 88% foi de mulheres e 84 a 85% desses profissionais são baianos. Em cargos de liderança, todos foram baianos, majoritariamente negros e mulheres.

“O público acaba se vendo na produção, a produção no público e no palco. Essa troca faz com que o festival tenha uma atmosfera diferente, tenha essa aura mística, em que você entra e se sente como parte do festival”, opinou Mota.

Um dos ouvintes do evento, Ronnel Perry, que atua como agente pessoal de viagem, contou que veio ao Afropunk com mais três pessoas, duas delas de Washington e uma de Nova Iorque e que todos amaram o Afropunk Bahia. “Eles disseram que o Afropunk daqui foi maior que o norte-americano. Então eu peço que mantenham isso e que estudem formas de atrair mais americanos para o festival, pois muitos americanos querem vir para cá. Aqui é o útero negro”, disse, no momento de perguntas feitas pelos ouvintes do talk.

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