Da cena do crime à sala de autópsia e entre a prática médica e a investigação policial, o médico-legista Philippe Boxho apresenta alguns dos curiosos e inusitados casos em que trabalhou ao longo de 30 anos de carreira
Jeannine e Lucette eram vizinhas e amigas de longuíssima data, até Lucette falecer de causas naturais, aos 85 anos. Profundamente triste, a amiga foi ao velório prestar uma última homenagem à companheira de anos. Quando Jeannine estava diante do caixão, enlutada pela morte de uma pessoa tão querida, Lucette se levantou de repente e disse: “Ah, Jeannine, que gentileza sua ter vindo me ver!”.
De forma trágica e inesperada, quem faleceu por fim foi... Jeannine; na hora, ela teve um ataque cardíaco fulminante, e não resistiu. Essa é uma das histórias presentes em Os mortos também falam (Objetiva, 176 pp, R$ 59,90 – Trad.: Julia da Rosa Simões), que reúne décadas de experiência do médico-legista Philipe Boxho. Embora seja uma profissão comum e absolutamente necessária, a intimidade com a morte — um tema tão complexo para o ser humano — torna a carreira de legista muito intrigante. Numa narrativa ágil e viciante, que combina autobiografia e true crime, Philippe Boxho transmite a paixão pela prática forense com extrema sensibilidade e divide com o leitor casos insólitos que vivenciou ao longo dos anos. Ao relembrar histórias de cadáveres desaparecidos, assassinatos disfarçados e suicídios inimagináveis, ele mostra ao leitor que a morte nem sempre é o que parece — e que a criatividade humana se supera quando o assunto é matar ou morrer.
FONTE LITERATURA
